segunda-feira, 21 de maio de 2007

O Mundo - Erros, Desacertos, Ética e o Meio Ambiente

Diego Fonseca

O assunto do momento na mídia mundial é o aquecimento global da Terra. De uma hora para outra os meios de publicação se deram conta de uma realidade preocupante e catastrófica para o futuro dos seres vivos.

Caso, urgentemente, os cidadãos deste planeta não tomem alguma medida de contenção de lançamento dos gazes CFC’s (cloro-fluor-carbonos) na atmosfera, nosso planeta entrará literalmente num caos. A temperatura média do planeta subirá, o nível dos oceanos aumentará e fará desaparecer cidades inteiras que estão a poucos metros do nível do mar. Espécies animais serão extintas, seres humanos morrerão pelas mais diversas calamidades, e o “equilíbrio terrestre” entrará em descompasso.

Diante dos fatos, é interessante analisar o seguinte, há muitas décadas, talvez séculos, estudiosos vêm mostrando teorias sobre a insustentabilidade que ocorreria caso a população continuasse crescendo sem controle. O mais conhecido desses teóricos é Malthus, economista que escreveu a obra – “Ensaio Sobre o Princípio da População” e criou a teoria que discorria sobre a proporção de geração de alimentos em relação ao aumento demográfico, ou seja, o excesso de contingente populacional levaria a uma carência no abastecimento de produtos essenciais à vida. Malthus dizia também que a culpa da existência da pobreza é do próprio pobre, que não faz controle de natalidade e conseqüentemente cria a sobrepopulação – população extra a oferta de suprimentos.

Outro teórico que dialoga a respeito da sobrepopulação é Marx, em “O Capital”, não enfaticamente sobre a falta de suprimentos para a existência, mas sim, sobre a falta de emprego para a excessiva massa populacional que estava se formando com o início do surto demográfico - no período da chamada Revolução Industrial.

Nos dias atuais, teóricos embasados nas idéias de Malthus – os neomalthusianos, dialogam que o pobre não é o culpado pela existência da miséria, mas que para minimizá-la é necessário o planejamento familiar. Essa idéia, aliás, é bastante providencial, por mais que alguns teimem em dizer o contrário.

É óbvio que o planeta não aqüenta mais e mais crescimento demográfico - com o padrão de vida que pleiteamos para as gerações futuras. Não dá para explorar os recursos naturais no ritmo que se vem explorando atualmente. Falando em Brasil, quantos milhares de hectares das vegetações foram perdidos para dar lugar à agricultura ou a expansão urbano-industrial.

Ao longo do século XX, período de maior florescer de discussões sobre temas ambientais, diversos movimentos ambientalistas vêm alertando para a instabilidade planetária que estávamos gerando com o consumismo desvairado.

O fato é que, há muito tempo vem se discutindo sob maneiras de conter a depredação do meio ambiente. Não deram o devido valor a esse assunto até que chegamos “ao fundo do poço”. O planeta Terra está deitado numa cama de UTI quase em estado terminal.

É sabido que reverter o quadro de desequilíbrio e restabelecer o foi destruído é impossível. Como afirma a teoria geral dos sistemas – um sistema ao entrar em desequilíbrio, jamais retornará ao seu equilíbrio original. Poderá entrar num novo equilíbrio, mas diferente daquele já verificado. Portanto, para aquilo que a humanidade já fez ao meio natural, está feito, não há remédio eficaz, mas sim, paliativos para mitigação dos impactos já gerados. Para recuperar séculos de destruição dos nossos ecossistemas serão necessários milhares de anos.

Idéias interessantes foram apresentadas para minimizar os impactos que o homem vem gerando, como a do desenvolvimento sustentável, porém, as sociedades (destacando os Estados Unidos) não acataram a idéia, preferiram ficar com seu economismo e desmereceram as sugestões dos ambientalistas - chamando-os de ingênuos e de mero ecologismo aquilo que pregavam.

Então, o que fazer? Nada de novo pode ser feito, a não ser a espécie humana aprender de vez que o direito de um ser termina quando começa a ferir o do outro.

Para que tanto consumismo? Para que uma família ter vários automóveis - aumentando a poluição atmosférica. Para que ostentar um padrão de vida muito acima de vários extratos sociais, promovendo a matança de animais a fim de ser produzido o couro que faz o calçado das madames; a derrubada de árvores para obtenção de madeira, que gera os móveis “finos”; a exploração dos miseráveis com salários irrisórios para gerar os produtos almejados pelas classes mais abastadas. Para que isso tudo, quando sabemos que o desenvolvimentismo gera, além de problemas ambientais, vários desequilíbrios no comportamento coletivo, como os casos de violência que rotineiramente nos deparamos ou assistimos nos noticiários por indivíduos insatisfeitos com sua condição financeira.

Será mesmo que existe fome no mundo por falta de alimentos? Sabemos que não. O capitalismo nega alimento aos famintos para sustentar o mecanismo da oferta e procura, e dessa forma, mover a estrutura econômica atual. Enquanto uns morrem de fome, há simultaneamente no mundo, uma epidemia de obesidade e animais são sacrificados de maneira covarde nas fazendas industriais.

Talvez, como dialoga o filosofo australiano – Peter Singer, entrevistado pela revista Veja de 21 de janeiro de 2007, os valores morais das sociedades devam ser revistos. É necessário que rediscutamos o que é certo e o que é errado. É preciso estabelecer, e fazer funcionar, novos valores éticos para a coletividade - valores mais pragmáticos e incisivos. Pequenas infrações, as quais não são dadas as devidas importâncias, devem ser orientadas e castigadas para que um pequeno erro na educação das pessoas não se transforme num problema mundial.
Como já foi dito diversas vezes, todavia não foi praticado, é preciso que façamos nossa parte para mudar o mundo. Estamos em meio a um colapso ambiental, social e numa crise de valores. Ou paramos de tratar certas idéias como "ingênuas e utópicas", ou entramos no fim dos tempos. Que façamos a escolha certa.